Corpo achado em rio é da menina desaparecida, diz polícia de Israel
Rose Pizem, de 4 anos, teria sido morta pelo avô e padrasto.
Em carta póstuma publicada em jornal, mãe da menina pede perdão
A Polícia de Israel confirmou nesta sexta-feira (12) que o corpo achado um dia antes no Rio Yarkon é da menina Rose Pizem, de 4 anos, que teria sido morta pelo próprio avô paterno e padrasto. A identidade foi confirmada por autópsia do instituto Abu Cabir, que analisou os ossos achados pela polícia dentro de uma mala.
Rose teria sido morta pelo avô Ronnie Ron, de 45 anos, que também era seu padrasto, em um caso que chocou Israel. A polícia estava atrás do corpo desde que o avô paterno e a mãe de Rose -que eram amantes, segundo a polícia- foram presos suspeitos de assassinato.
O avô disse à polícia que havia matado a menina “acidentalmente”, após um acesso de fúria, e teria colocado o corpo em uma mala e o jogado no rio. Depois, ele disse que teria sido forçado a confessar o crime.
Rose Pizem havia desaparecido em maio deste ano, mas o caso só veio a público no final de agosto, quando caiu o segredo de Justiça.
A descoberta do corpo trouxe um desfecho doloroso para uma tragédia que havia instigado intensas buscas e debates sobre segurança infantil em Israel. A comoção causada pelo caso refletiu-se não apenas na comunidade local, mas também internacionalmente, despertando indignação e debates sobre a proteção das crianças e os perigos associados a relações familiares disfuncionais.
Investigadores disseram que suspeitam que o filho do suspeito e a mãe de Rose se casaram quando adolescentes na França, após a filha ter nascido. O casal visitou Israel. Durante a visita, a mãe de Rose teria se apaixonado pelo sogro israelense e se mudado para morar com ele.
A complexidade dessa história adiciona uma camada ainda mais perturbadora ao caso, revelando dinâmicas familiares profundamente perturbadoras. O fato de uma mãe deixar seu próprio filho para se relacionar romanticamente com o pai dele é desconcertante e levanta questões sobre as relações interpessoais dentro dessa família. Esse desdobramento peculiar provavelmente contribuiu para o espanto e horror generalizados que cercam o caso.
O aspecto internacional do relacionamento também acrescenta uma dimensão intrigante à narrativa. O fato de o casal ter se conhecido e se casado na França antes de visitar Israel destaca a complexidade das conexões transnacionais envolvidas. Essa migração e os relacionamentos que se desenvolveram em diferentes contextos culturais adicionam uma camada de compreensão necessária para entender totalmente as circunstâncias que levaram à tragédia.
A história de Rose Pizem não é apenas uma tragédia isolada, mas também um estudo de caso sobre relacionamentos familiares disfuncionais e o impacto devastador que podem ter em vidas inocentes. Esses eventos trágicos devem servir como um chamado para a reflexão sobre a importância de identificar e intervir em situações familiares problemáticas antes que cheguem a esse ponto extremo.
O pai e Rose voltaram à França, mas a mãe da menina ganhou em um tribunal francês o direito de trazer a filha pra morar com ela e com o avô em Israel. Os advogados do avô disseram a repórteres que ele matou Rose em um acesso de raiva. Ele está detido, junto com a mãe de Rose. A investigação foi iniciada depois que a avó da menina escreveu às autoridades israelenses dizendo que não via a neta havia muitos meses. O casal ainda não foi formalmente acusado.
O chefe nacional da polícia israelense, Dudi Cohen, declarou que a acusação de Ron e da mãe de Rose, Marie-Charlotte Renault, não é uma prioridade e pediu tempo para agir com cautela em uma investigação que definiu como “complexa”. O caso, com seus detalhes sórdidos, chocou Israel. As TVs do país interromperam sua programação para transmitir, ao vivo, a cena da descoberta da mala pela polícia.
A batalha legal entre os pais de Rose revela uma disputa dolorosa e complicada pelo direito de guarda da criança, envolvendo não apenas questões familiares, mas também disputas transnacionais. A decisão do tribunal francês de conceder à mãe o direito de levar a filha para Israel levanta questões sobre a responsabilidade das autoridades em garantir a segurança das crianças em situações de custódia complexas e potencialmente perigosas.
A declaração dos advogados do avô, admitindo sua culpa em um ato de fúria, lança luz sobre os eventos que levaram à morte trágica de Rose. Enquanto isso, a postura cautelosa da polícia israelense destaca a complexidade da investigação e a necessidade de uma abordagem meticulosa diante de um caso tão impactante e emotivo. O impacto do caso na sociedade israelense é evidente na reação imediata da mídia, destacando a magnitude do choque e da indignação que essa história suscitou.
O jornal israelense “Haaretz” publica nesta sexta-feira uma suposta carta póstuma que a mãe de Rose, Marie-Charlotte Renault, teria escrito para a filha. Nela, ela diz: “Me desculpe, garota.” Ela também expressa profundo pesar, afirmando: “Rose, desculpe muito por eu não ter sabido entender você. Entender sua angústia, seu sofrimento, por não ter sabido pegar você nos meus braços e te dizer o quanto eu te amo.”
Essas palavras tocantes revelam uma dor avassaladora e um sentimento de culpa devastador que Marie-Charlotte Renault carrega consigo após a perda trágica de sua filha. A carta póstuma oferece um vislumbre das emoções complexas e conflitantes que ela enfrenta, destacando o profundo arrependimento por não ter sido capaz de proteger e amar adequadamente sua filha.
Essa carta também lança luz sobre a dinâmica complicada e angustiante entre mãe e filha, revelando uma relação marcada por incompreensão e falta de comunicação. As palavras sinceras de arrependimento de Marie-Charlotte refletem a dor de uma mãe que lamenta não ter sido capaz de oferecer o apoio e o amor que sua filha tanto precisava.
A publicação dessa carta póstuma pelo jornal “Haaretz” não apenas amplifica a tragédia dessa história, mas também oferece um vislumbre do profundo impacto emocional que essa tragédia teve não apenas na família de Rose, mas também na sociedade israelense como um todo. Essas palavras finais de despedida são um lembrete angustiante da importância de valorizar e nutrir os relacionamentos familiares enquanto ainda há tempo.